O novo líder brasileiro, um modelo para o mundo?

Domenico de Masi com Tejon, coordenador acadêmico da ESPM, em São Paulo.
Existe um modelo brasileiro? O estudo “Refletir Brasil”, da OCA, um time de especialistas reunido para estudar e identificar um “jeito brasileiro” único de sucesso, sob a inspiração e orientação do sociólogo e escritor italiano Professor Domenico de Masi, pretende apresentar e debater esses caminhos em março do ano que vem, na cidade de Paraty. O início dos estudos foi apresentado na ESPM, que se engajou no projeto.
Diversos líderes de opinião brasileiros foram pesquisados. As conclusões apontam para um Brasil como se fosse um “patchwork”. Um local de contrastes, onde o ótimo e o sofrível se misturam. Falamos do Brasil revelando ao mesmo tempo conquistas e um orgulho em diversos pontos, mas logo em seguida “pedimos desculpas”, por abismos caóticos, como fica evidente na infraestrutura e na distribuição de renda abissal, entre os mais ricos e os mais pobres.
O ponto passa a ser esse grande desafio da oportunidade da década: o mundo abre passagem para o Brasil, e agora, como vamos liderar? Temos um jeito, um modelo, algo que reúna padrões das culturas grecorromanas, anglosaxônicas, asiáticas, africanas? Podemos ter aqui uma síntese, ou como explicava o professor Massimo Canevacci, um sincretismo, pois a dialética já acabou!
Qual é o papel dos novos líderes brasileiros? Nesse jogo de retalhos brasileiros, a diferença toda está na consciência dos pedaços brasileiros a serem olhados, pesquisados e trabalhados como modelos ascensionais e inspiracionais. Domenico explicava em sua palestra que temos escolas exemplares ensinando milhares de crianças da base da pirâmide, oferecemos instrumentos criativos e empreendedores, temos conquistas em ciência, tecnologia e tropicalização do agronegócio, temos alma musical, alegria; e em contraste podemos enumerar o “dark side” de cada ótimo exemplo brasileiro, como a barafunda da tributação, burocracia, corrupção, etc.
O que sobra para a construção do papel de um novo líder brasileiro? A conclusão que deixo é: o Brasil como um “patchwork” oferece a possibilidade da escolha. Reunimos o bem e o mal. Temos espaços evoluídos e avançados convivendo com o atraso e a miséria. Mas, temos exemplos. Temos casos. Temos construções reais de progresso. Isso significa que um fundamento essencial de um novo líder brasileiro é “aprender a olhar”.
Seremos o resultado de onde concentrarmos o foco das nossas atenções, dos nossos olhares, e de como ensinamos a sociedade a olhar, a perceber. Qual é o papel do novo líder brasileiro? Essa montagem será debatida doravante. Mas, se houvesse uma figura de imagem eu diria: “um novo líder brasileiro tem como condição essencial saber ser o tecelão da colcha de retalhos evolutivos, ascensionais e inspiracionais, do melhor daquilo que integra sonhos e realidades, nas condições e na sociedade brasileira contemporânea”.
Um líder tropical, guerreiro dos valores, consciente de que o Brasil será a construção dessa manta dos melhores retalhos selecionados e tecidos a partir das escolhas. Um tecelão, arquiteto e criador de colchas de retalhos que servem ao presente e ao futuro

Fonte.: Exame.com

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