Você sabe quando começar a jogar numa negociação?
O jogo da negociação tem muito que se lhe diga. Qualquer vendedor que lide com um departamento de compras organizado Vos contará histórias de horror sobre as suas negociações.

Por vezes a vontade que existe é pura e simplesmente de nos levantarmos e mandarmos o cliente às urtigas devido à postura que muitas vezes demonstra no processo.
Gostava de me focar hoje em 3 das tácticas mais aviltantes que conheço para uma negociação.
Digo aviltantes, porque muitas das vezes o cliente ao utilizar estas tácticas esquece que vai perder toda a componente relacional e de confiança com o Vendedor.
Se pensarmos que muitas das vezes trabalhamos com um cliente vários anos, podem imaginar que não é prática que recomendemos, seja do lado do Cliente, seja do lado do Vendedor.
A primeira das tácticas do ciclo de artigos sobre negociação que hoje inicio, chama-se:
“Atirar o Barro à Parede”
O cenário é simples, trata-se de pedir um pedido de orçamento e responder a esse mesmo pedido de orçamento oferecendo um preço muito mais baixo do que o inicial.
O engraçado é que esta táctica pode tomar várias formas consoante a situação.
Por exemplo, o Vosso cliente pega no orçamento que tem do ano anterior e envia-vos uma adjudicação com base nesse valor.
Outra situação que acontece quando existem contratos de fornecimento envolvidos trata-se de riscar as cláusulas que não interessam, rubricar, assinar e devolver como se estivesse tudo acordado.
Ou então, na sua forma mais simples, pegam no fax da proposta com os preços, riscam o valor e escrevem por baixo o valor que lhes interessa.
Se for por e-mail, muitas vezes escrevem algo como:
“A nossa administração tem o prazer de adjudicar a proposta pelo valor X.”
Sendo que o valor X, como devem imaginar, é muito inferior ao inicialmente proposto.
Ora, mas como é que lidamos com esta táctica?
Pura e simplesmente tomamos a decisão com base no valor apresentado pelo cliente.
Se for um valor que não interesse, informem o cliente do seu erro e voltem a reiterar o valor inicial.
Se for um valor que até possa interessar, tornem o processo difícil, digam que esse valor é muito complicado de atingirem, mas que para ir ao encontro das expectativas deles o máximo que poderiam fazer seria metade desse valor, mas retirando uma qualquer componente que ele precise.
O erro aqui é acharmos que o negócio já está fechado e que não temos de fazer nada.
O nosso cliente joga precisamente com essa pressão psicológica do factor “já está”.
A questão é que já está, mas temos de ir ao encontro daquilo que ele pretende.
Poderemos ser levados a pensar:
“Mas porque é que eu devo dificultar, se já está fechado e até posso chegar a esse valor?”
Um bom negociador gosta normalmente do “jogo” da negociação.
Dá-lhe gozo todo este jogo do gato e do rato.
Quando a negociação é demasiado simples ele por vezes acha que “não deu luta” e fica um pouco desanimado.
Por outro lado, pode perder o respeito por nós ao achar que não sabemos negociar.
Ou seja, o que não custa nada a obter é aquilo a que normalmente o negociador não dá muita importância, tornando o nosso esforço negocial praticamente sem valor para ele.
Outro problema é que “é tão fácil” que desta vez ele pede 5%, para a próxima pede 7%, a seguir pede 9% e por aí adiante.
Vamos estar a cavar uma sepultura a curto prazo, que nos irá com certeza esgotar toda a nossa margem negocial.
Por último, existe um outro factor que nos leva a que na maioria destas situações não devamos ir a jogo.
Uma negociação possui um limite superior e um limite inferior.
O limite superior é o valor até ao qual o nosso cliente está disposto a ir para comprar.
O limite inferior é até onde estamos dispostos a ir para vender.
Na prática, uma negociação deve decorrer dentro destes limites, sendo a determinação dos mesmos muitas vezes o objectivo primordial de um bom negociador.
Imaginem que o nosso cliente atira para a mesa um valor negocial muito abaixo do limite inferior.
Acha que devemos ir a jogo?
Como já deve estar a imaginar, claro que não!
Se cairmos na asneira de começar a negociar com o valor que nos apresentam, na esperança de conseguir chegar a um valor aceitável, o que é que acha que vamos conseguir?
Na maior parte dos casos, nada!
O esforço negocial será enorme e muitas vezes conseguimos apenas chegar a um valor ligeiramente acima do limite inferior.
Por isso, como está a ver, por vezes numa negociação nem sempre é conveniente ir a jogo.
Esta é apenas uma das tácticas que existem a nível negocial nas vendas, como deve imaginar muitas mais teríamos para abordar.
Fonte - blog idéias e desafios
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